A síndrome dos ovários poliquísticos é uma das principais causas de infertilidade nas mulheres.
Os sintomas incluem:
- Níveis elevados de insulina (que levam ao aumento excessivo de peso).
- Aumento do nível de hormonas masculinas (originando acne e o crescimento de pelos em zonas não desejáveis).
- Menstruações irregulares, quistos nos ovários.
- Risco elevado de ter diabetes.
- Tecido mamário subdesenvolvido.
Uma vez que a PCOS é uma síndrome e não uma doença, cada caso é um caso, com uma combinação de sintomas únicos, tornando-se desafiante para os profissionais de saúde a sua identificação. Como resultado, muitas mulheres nunca chegam a receber um diagnóstico formal. As mães com PCOS podem ter dificuldades em produzir leite suficiente ou, por outro lado, ter uma sobreabundância de leite.
As mulheres com diagnostico de PCOS devem ser cuidadosamente seguidas por um profissional de saúde antes e depois do nascimento dos seus bebés.
Tratamento
A metformina é o medicamento mais comummente prescrito pelos profissionais de saúde para o tratamento da PCOS, sendo tomado por mulheres que experienciem dificuldades não só em engravidar como em manter a gravidez. Este medicamento reduz assim a disfunção hormonal.
O Dr. Thomas Hale, no livro Leite materno e medicações vê a metformina como segura e compatível com a amamentação (medicamento de nível L1) passando muito pouco através do leite materno para o bebé amamentado.
Ver o nosso artigo Medications – A Quick Guide For Parents (em Inglês) para encontrar links com informação em muitos Países [NT: em Portugal é muito usado o www.e-lactancia.org].
Ajuda
Aprender tudo o que puder sobre este tema antes do seu bebé normalizar a sua amamentação, ajudá-la-á a perceber se existe realmente um problema, e se esse problema está relacionado com o seu diagnóstico de PCOS. É muito importante perceber os sinais de que o seu bebé está a receber um bom aporte de leite. Fale com uma monitora da LLL ou com uma IBCLC acerca do posicionamento e gestão do aleitamento do seu bebé.
Nem todas a mães com PCOS experienciam problemas ao amamentar. Contudo, se teve problemas de fertilidade e agora está a ter dificuldade em amamentar, mesmo seguindo todas as indicações “corretamente”, pode sentir-se desolada. Algumas mães culpabilizam-se ou sentem-se julgadas por acharem que não foram suficientemente persistentes.
Se sentir dificuldades, é muito importante ter uma rede de apoio informada que a ajude e a suporte nos seus objetivos ao nível da amamentação. Se tiver dificuldades em produzir leite em quantidade suficiente, mas quiser continuar a amamentar, então cada gota que produzir conta. Igualmente, se estiver inundada em leite, poderá também procurar estratégias de lidar com a situação.
As monitoras da LLL podem ajuda-la a encontrar formas de adequar o aleitamento materno à sua situação.
Se estiver a tentar maximizar o seu aporte de leite então este vídeo da Global Health Media poderá dar-lhe uma ajuda: Increasing Your Milk Supply
Pode também considerar estes recursos da LLLI úteis:
Building A Milk Supply
Pumping
Skin-to-Skin Care
A Liga La Leche comemora consigo não só a relação de maternagem com o seu bebé como também o seu produto, o leite humano. Ainda que não possa amamentar em exclusivo ou produzir leite de todo, há benefícios em pôr o seu filho à mama. O contacto pele-a-pele aumenta a estabilidade e o bem-estar do seu bebé aos níveis físico, mental, emocional e social. A produção da hormona oxitocina (a “hormona do amor”) na mãe e no bebé, relaxa-os a ambos e ajuda-os a conectarem-se. Amamentar é não só uma conexão como também uma fonte de alimentação. (The Womanly Art of Breastfeeding, 8th edition).
Se precisar de suplementar
Se achar a sua produção de leite comprometida e se se tornar necessário suplementar, aqui estão algumas estratégias para ajudá-la a manter o seu bebé ao peito: Suplementar na mama
Algumas mães com PCOS tem sobreprodução de leite. Se este for o seu caso veja aqui:
Sobreprodução
Sobreprodução: bênção ou praga.
A minha historia de amamentaÇÃo
por Anna Earley, Bellport, Nova York, USA
Quando estava grávida, prometi a mim mesma que amamentaria o meu bebe. Eu não me informei nem construí um bom sistema de ajuda. Pensava que a amamentação viria naturalmente…. Após cerca de duas semanas de suplementação ao meu primeiro filho com leite de formula, ele não se mostrou mais interessado em amamentar e a partir daí começamos a dar biberon. O meu marido, bem-intencionado, de imediato elogiou o meu esforço dizendo-me que eu fiz o meu melhor. O meu filho precisava de comer, ele não estava a ganhar peso suficiente, e tinha fome. Após dias e noites de choro, e com o inicio de uma depressão pós-parto, encontrei a minha própria paz, prometendo informar-me melhor e que os meus futuros filhos iriam ser amamentados.
Quando o meu filho tinha cerca de um ano, fiquei grávida de novo. Telefonei para a LLL local e comecei a frequentar os encontros. Mesmo após o aborto, continuei a frequentá-los. Eu queria obter toda a informação que me fosse possível ter. Comprovei que o livro “The Womanly Art of Breastfeeding” é um recurso de valor incontornável. Também informei o meu marido durante esta época e, dois anos mais tarde, armada com o meu conhecimento, recursos e um inabalável sistema de apoio, engravidei de novo.
Eu estava incrivelmente aterrorizada de abortar de novo. Contudo a minha gravidez foi até ao fim e o único obstáculo que tive foi a diabetes gestacional.
A equipa hospitalar foi muito prestável e apoiaram-me na minha decisão de amamentar e de fazer alijamento conjunto. Não suplementaram a minha filha com nenhum leite de formula. E, ainda que tendo nós sido separadas por cerca de quatro horas após o nascimento, a minha filha eu partilhamos de um momento abençoado de amamentação por cerca de 40 minutos. A minha memória estava inebriada por causa dos medicamentos que tomei, mas recordarei este momento para sempre. Ela fez uma pega na mama que nem uma “pro’” e eu maravilhada com a perfeição dela.
Oferecia-lhe o peito a toda a hora, a pedido, e exclusivamente a partir desse momento. E ainda que a minha bebé tivesse perdido um pouco de peso, o pessoal hospitalar parecia despreocupado uma vez que ela urinava e fazia fezes. Três dias mais tarde fomos para casa. Senti a minha descida de leite ao quarto dia. A minha bebé mamava para dormir e parecia contente. No sexto dia, as minhas mamas pareciam vazias e no sétimo dia o choro começou. Ela estava agarrada a mim a todo o minuto. Graças a Deus o meu marido tirou algum tempo para ficar em casa para tomar conta do nosso filho de quatro anos, porque eu não tive um único momento em que a minha bebé não estivesse na mama. Ela estava com fome e mamava para dormir, mas não estava contente.
Uma monitora da LLL observou-nos. A pega estava perfeita, mas pouco ou nenhum leite estava a ser transferido. Ela já tinha perdido perto de 14% do seu peso à nascença. Com a bomba não saía uma gota, e a mama cheia de leite que tinha sentido logo após o seu nascimento, tinha desaparecido. Em choro, a realidade da suplementação era inevitável.
Regra Nº1: alimentar o bebé, sejam quais for os meios necessários.
Arruda-caprária, feno-grego, suplementos, muita água, quinoa – nada parecia ajudar-me a produzir mais leite. Fui a um endocrinologista para verificar o meu nível hormonal. Recebi um diagnóstico de síndroma dos ovários poliquísticos (PCOS). Continuei com os galactagogos, juntei shatavari (asparagus racemosus) e foi-me prescrito tomar domperidona.
Às 12 semanas de idade, a minha bebe ainda mama que nem uma pró. Ela recusa a mama no fim do dia, quase sabendo intuitivamente que é quando produzo menos leite. Então eu estimulo com a bomba. Quase todas as mamadas são seguidas de um biberon. A mamada é como uma entrada e o biberon é a refeição principal – exceto na primeira mamada do dia.
Mesmo que já dormindo a noite toda, acorda para encontrar as mamas cheias de leite e a gotejar. Ela mama calmamente, felizmente, em ambos as mamas, e já é o suficiente. Depois mama para readormecer. Caso não esvazie as mamas completamente, eu retiro o remanescente com a bomba. Eu sei que como ela está a crescer, a minha reserva da manhã poderá eventualmente ter de ser suplementada, mas por agora chega.
Redefini para mim o que significa amamentar. É algo pessoal e talhado unicamente para cada bebé. Cada relação de amamentação é diferente – não existem duas iguais. Algumas relações acabam depressa, acompanhadas de lágrimas, enquanto outras continuam por anos sem problemas. A nossa, ainda que suplementada, continua. Estou com sorte por ao menos não ter tido a experiência de um canal de leite bloqueado, mastite e mamilos com dores ou a sangrar. A pega da minha bebé ainda é boa como era no primeiro dia da sua vida.
Ela prefere o biberon à noite, mas o último snack dela é mesmo na mama. Havendo leite ou não, dá-lhe paz necessária para adormecer. Estou muito grata por este dom de ser capaz de dar, mesmo que seja pouco. E ainda mais grata por esse dom me ter sido concedido. Isto é maternagem – fazer tudo o que puder para dar o melhor à minha filha, não interessa o que seja.
Ela bebe mais leite materno do que muitos bebés da sua idade. E não há fim a vista. Até esse dia, continuarei a tomar extratos, chás e ervas. Continuarei a extrair leite após cada mamada até ao dia em que tiver um sinal de fim à vista. Ainda não sei que sinal será esse mas, por agora, é assim que estamos. É doce e amargo ao mesmo tempo, longe de ser perfeito, um pouco triste por vezes, mas também maravilhoso.
Obrigada Liga la Leche. Eu não conseguiria tê-lo feito sem ti.
Mais informação (em Inglês)
Breastfeeding with Hypoplasia. Insufficient Glandular Tissue
Breastfeeding and Thyroidsm
Galactogogues
Milk Donation and Sharing
Breastfeeding is Love – a história de uma mãe acerca da sua amamentação at
Traduzido por
Maria João Paulo
revisto por
Isabel Martins Loureiro, LLL Portugal. Abril 2019
Primeira publicação em junho 2016
Texto original https://llli.org/breastfeeding-with-polycystic-ovary-syndrome-pcos/